quarta-feira, 15 de junho de 2016

Grandes Guerras do Brasil.

A Guerra de Canudos.

Cearense de nascimento,  Antônio Vicente Mandes Maciel, o futuro Antônio Conselheiro, foi educado para seguir carreira religiosa. Seu pai, pequeno comerciante, morreu em 1857. Com 29 anos de idade, teve então de abandonar os estudos para assumir os negócios do pai. Inapto para a atividade, abandonou o comércio e passou a perambular pelo sertão.

Em fins da década de 1860, transferiu-se para o norte da Bahia, onde começou sua pregação religiosa. Reuniu ali número crescente de fiéis, muitos expulsos de suas terras pelos coronéis. Em 1893, Antônio queimou em Bom Conselho, Bahia os editais de cobrança de impostos municipais, determinada pelo governo federal.

Perseguidos pela policia, ele e seus seguidores se refugiaram em Canudos, onde construiram o arraial de Belo Monte. De 1893 a 1897, cerca de 30 sertanejos viveram nessa comunidade. Diante da miséria em que vivia a população do sertão, esse lugar representava uma alternativa de vida: lá os pobres do campo encontravam conforto espiritual e condições para seu sustento. Ali não existia latifúndio nem opressão do coronel. A população do arraial dedicava-se às culturas de substência, ao artesanato e à construção de casas.

Com o tempo, Canudos passou a representar uma ameaça para s oligarquias da região. Sua vida igualitária atraía para o povoado a mão de obra superexplotada pelos luatifundiarios, o que provoca-va a queda da influência dos coronéis sobre a população.

Para combater o Conselheiro, difundiu-se a ideia de que era inimigo da Republiac. De fato atacava o governo republicano por ter separado a Igreja do Estado e instituido o casamento civil. A pretexto de esmagar aquele suposto foco monarquista o governo lançou contra ele nada mesno do que 4 expedições militares. A primeira com cem homens, foi vencida facilmente em novembro de 1896, por cerca de 1.000 seguidores de Conselheiro.

A segunda expedição reunia 550 soldados e entre outras armas dois canhões e duas metralhadoras. Partiu triunfante e voltou arrasad, perdendo mais de cem soldados. No Rio de Janeiro, o presidente Prudente Moraes autorizou a formção de nova expedição. À frente de 1.300 soldados estava o coronel Moreira César. Em março de 1897, a expedição caiu  numa emboscada. Moereira César foi mroto e 800 de seus soldados bateram em retirada.

O governo federal mobilizou então 5 mil homens, comandados pelo general Arthur Guimarães. Preparou-se a opinião pública: o exército iria salvar a Republica. 24 de setembro de 1897, Canudos estava carcada. Os combates duraram até 5 de outubro, quando então a cidade sucumbiu diante da superioridade bélica do inimigo.

Entre as atitudes adotadas por Antônio Conselheiro e seus adeptos, havia três que atraiam particularmente o ódio do governo republicano: a abolição da propriedade privada, a recusa em pagar impostos e uma vaga aspiração monarquista. Conselheiro, com efeito, prometia o retorno de dom. Sebastião, rei de Portugal morto em 1580 na batalha de Alcácer-Quibir, no norte da Africa, contra os mouros.

Na foto abaixo podemos ver a primeira construção da aldeia de Canudos. A igreja de Santo Antônio.



Depois da guerra, uma represa foi construida nos arredores da aldeia inundando suas ruinas por completo, em uma tentativa do governo de esquecer a história.

Más depois de anos de seca as ruinas finalmente reapareceram novamente.




A Revolta da Chibata.

Não era fácil a vida de marinheiro. Soldados baixos, serviço pesado, num ambiente sem higiene. Para piorar, em pleno no século XX, os marujos  podiam ser punidos com chicotadas. A ordem da punição vinha dos oficiais, que eram brancos, geralmente filhos de fazendeiros. Era como se simbolicamente, a escravidão no Brasil ainda existisse nu m único lugar: a Marinha de Guerra.

Alguns marinheiros eram enviados a Inglaterra para receber instruções. Foi então que eles tomaram contato com o movimento sindical europeu. Descobriram que na Inglaterra, os operários sabiam que o principal direito era o direito de defender os seus próprios direitos. A marinha inglesa lembrava que os castigos corporais tinham terminado desde os motins no navio Bounty, ainda no século XVIII. Quando os cruzadores chegaram na Baia de Guanabara, sua tripulação não estava mais disposta a aceitar humilhação. Escreveram uma petição aos comandantes, reinvindicando melhores condições de trabalho, melhor  soldo e fim de castigos humilhantes. A resposta do comando foi a prisão de alguns marinheiros e pior do que tudo, o chicoteamento de alguns deles.

O presidente Hermes da Fonseca estava no teatro, deliciando-se coma opera Tannbâuser, de Richard Wagner, quando recebeu a noticia de que os marinheiros haviam tomado conta dos navios e expulsado os oficiais para terra. E que faziam exigências ás autoridades . para o espanto das elites, os marinheios, liderados por um cabo semi-analfabeto chamado João Cândido, o Almirante Negro, manobrava espetacularmente os navios. E ameaçavam bombardear a cidade , caso não fossem atendidos. Falavam sério.  Cada encouraçado levava cerca de 1.000 tripulantes e estava carregando com uma artilharia capaz de varrer o Rio de Janeiro do mapa. A histeria tomou conta da cidade. Uma multidão de famílias tentou fugir para Petrópoles. No senado o opositor Riu Barbosa lembrava que se o governo não tinha capacidade de reprimir a revolta (e não tinha mesmo), então deveria negociar. De que os operários começaram a entrar em greve de solidariedade aos amotinados. Assim, os marinheiros passaram a receber soldo um pouquinho melhor, o tarbalho duro foi aliviado e acabou –se o chicote; também receberam a promessa de que não seriam punidos.  



A Guerra do Contestado

Quinze anos depois da morte de Conselheiro, começou no sul do país um conflito que tinha algumas semelhanças com o o de Canudos. Ocorreu em uma região de litígio entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Daí o nome de Guerra do Contestado. Envolveu cerca de 20 mil sertanejos e durou quatro anos, de 1914 a 1916, com combates quase ininnterruptos.

O problema de terras era grave na região. Os coroneis pressionavam os agregados a sairem das fazendas e estabelecerem-se por conta própria, apesar de quase não existirem na região terras disponiveis. Além disso, havia a ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul, cuja construção tinha sido concedida ao empresário norte-americano Percival Farquahr, dono da Brazil Railway Company.

Isto foi o que causou grande parte do descontentamento popular e de 1914 a 1916 o governo federal e os insurgentes batalharam quase que incessantemente, numa luta em que os federais se utilizariam dos mais modernos equipamentos bélicos.



A Revolução de 1932.

De início, o PRP tinha sido o grande derrotado pela revolução de 30. Passado o susto, os representantes da oligarquia cafeeira paulista se articularam para retomar  a supremacia. Contavam com o apoio de ex-aliados de Getúlio Vargas. Afinal, nem todos os que apoiaram a "revolução" tinham os mesmos ideais e objetivos. O
Partido Democrático (PD), com muitos jovens instruidos de classe média, defendiam ideias liberais que iam de encontro ás medidas autoritárias de Vargas.

O governante nomeado para São Paulo era o interventor tenentista  João Alberto. os líderes do FD ficaram decepcionados porque esperavam que Vargas tivesse indicado um deles. Apoiaram Getulio e agora estavm de fora.Para complicar, o interventor João Alberto era pernambucano. Pois as elites paulistas trataram de jogar o jogo baixo do preconceito  contra os nordestinos. Quando Vargas  percebeu o erro cometido e finalmente nomeou um cívil paulista para o cargo, Pedro de Toledo, era tarde demais. Os rebeldes assumiram o cintrole do Estado. Quem eram esses rebeldes? Em primeiro lugar, a Frente Única, união dos liberais do PD com os velhos políticos do PRP . Claro que as  velhs carcomidas oligarquias paulistas se envolviam naquilo tudo porque sonhavam em ter o poder nacional de volta. Más seriamos ingênuos se achássemos que foi só isso. Porque entre o pessoal do PD havia muita gente sincero coração liberal.

Grandeparte da classe  média paulista aderiu ao movimento. Gostarm muito da ideia da ideia de uma nova Constituição demôcratica, em vez daquele  autoritarismo que Getúlio desenhava. Por tanto, a Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932, teve um aspecto contraditório de um lado, conservadora, tentativa das oligarquias de recuperar o poder, do outro, apoio da classe média em torno de propostas liberais. Note uma coisa importante: boa parte da classe média paulista teceu cachecóis para os soldados porque tinha arrepios aos ouvir falar de tenentes. Como já dissemos antes, nem sempre as ideias tenentistas

Eram compartilhadas pela classe média. O rádio, que apareceu pela primeira vez como grande divulgador de propaganda politica no Brasil, repetia chavões do tipo "São Paulo é uma locomotiva poderosa, carregando 20 vagões vazios (os Estados do Brasil)". Sucesso danado nas rodas de truco. O mais curioso é que elementos do Rio de Janeiro apoiaram o movimento paulista, embora sem nenhum efeito prático.

A classe operaria mais consciente, que tinham apanhado feio em greves recentes, não cedeu a nenhum apelo.

Ignorou solenemente o movimento paulista.

 Fontes:
 * Schmidt, Mario- Nova História Crítica - Editora Nova Geração, 2009.
 * Arruda, Jose Jobson de Andrade e Piletti, Nelson - Toda a História: História Geral e História do Brasil -  Editora Atica , 1988.